segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Incongruência




O tempo é a indiferença que marca a pele quando esta viaja pelos anos. Há na imensidão destes lugares visitados a agonia da saudade de saber que não vamos regressar, a contradição da alegria de ali poder estar. Saber como caminho por entre a folhagem seca no chão da floresta faz-me pensar no abismo que percorro quando entre mundos me movo. Não sei se a minha presença é necessária, se faz falta a mim próprio estar aqui, ou se será porque tenho medo de não ficar que venho todos os dias. Gostava de perceber a necessidade de tudo isto, de entender onde a fusão entre todos este mundos cabe na singularidade do meu precipício, gostava de saber se a vontade de ser não é mais premente que a vontade de não ser mais que vento, mais que letra ou poema incompleto. É nesta oscilação que propago os meus murmúrios, é nela que me deito quando não tenho sono, quando o tempo se alonga e a Noite se faz eterna. Parece que este circulo quer quebrar-se, que este silêncio quer instalar-se e o frio que quer gelar os dedos faz também calar as letras, desconstruindo as palavras, eliminando os argumentos que fazem desta troca silábica a razão de sustento duma alma em pleno lamento. Não sei... Não sei mais!



Texto: Druida Noite

2 comentários:

Druida da Noite disse...

Obrigado pela divulgação do meu trabalho.

:)

PrincesaEncantada disse...

É um prazer :))