domingo, 4 de maio de 2008

Crepúsculo



Horas crepusculares tão magoadas,
Correm de leve, preguiçosamente...
Cai a tardinha sonhadoramente...
Vamos os dois sozinhos, de mãos dadas!...

Sonham as flores das hastes debruçadas...
Fecho os olhos, cansada, languescente...
É todo oiro e púrpura o poente!
Que lindas são as sombras das estradas!...

São sorrisos teus olhos... Teu olhar
Anda abraçado ao meu, sem o beijar
Numa carícia imensa, ardente, louca!

Anda já o luar pelos caminhos...
Há brandas serenatas pelos ninhos...
- Tu fitas num anseio a minha boca!...


Poema: Florbela Espanca
Foto: Sissi

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