sexta-feira, 16 de maio de 2008

A hora da partida


A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida


Poema: Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto: José Luís Mendes (Ze Luis)

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